terça-feira, 28 de maio de 2013

Adeus ao último dos Moicanos

É, menino moicano, dessa vez não teve jeito. Cá entre nós, eu sabia que o negócio já estava fechado faz tempo; só que era pra depois da Copa de 2014, certo? Mas o show de bola que o seu novo time levou do Bayern de Munique, na Liga dos Campeões, e a tentativa do maior adversário de atravessar a transação precipitaram tudo. Quer saber? De repente, pode até ser bom...
Nunca fui entusiasta de sua saída, antes do Mundial, porque temia e ainda temo que, num primeiro momento, você possa amargar um banco de reservas, preterido por um técnico europeu impaciente, incapaz de compreender seu futebol e ansioso pra demostrar autoridade.

Tenho medo, também, de uma possível má vontade de alguns dos seus novos companheiros. Não de Messi, Xavi e Iniesta, três gênios da sua estirpe. Com estes, acredito, o diálogo rolará fácil, dentro e fora de campo. Já em relação aos pedros, sanchez e villas da vida, não sei não... Inveja é fogo e são eles que perderão o lugar, se tudo der certo pra você. E bola pra dar, não lhe falta.

Mas, por favor, presta atenção: nada de piruetas acrobáticas cada vez que sofrer uma falta ou levar um chega pra lá do adversário. Jogadores, juízes e até os torcedores europeus detestam simulações. Não vá se queimar com isso. Dancinhas e coreografias para comemorar gols também não são muito populares na Catalunha. Melhor evitá-las...

Falando dos benefícios, muito se diz que você “crescerá” por enfrentar "os melhores". Faz sentido. Mas "os melhores" mesmo só aparecerão na Liga dos Campeões e no superclássico contra o Real Madrid. No Espanhol, os levantes, getafes e osasuñas serão como os linenses, oestes e ituanos que você se cansou de enfileirar. Se bem que nos últimos tempos já não encontrava tanta facilidade...

Aí, pode estar um grande ganho. Se na sua agenda, por aqui, o futebol passou a ser apenas mais uma atividade, tantos eram os compromissos sociais e comerciais, pode ser que lá em Barcelona você encontre mais tempo e paz. E assim possa voltar a se dedicar, primordialmente, à bola.

Essa velha companheira, namorada apaixonada e escrava submissa, desde a mais tenra infância, mas que nos últimos tempos, talvez magoada por ter que dividi-lo com os flashes dos fotógrafos de publicidade e de celebridades tenha começado a ficar arredia. Ciúme é fogo...

Seja como for, saiba que o objetivo principal desse texto, escrito por um fã assumido, é lhe desejar sorte. Muita sorte e um enorme sucesso. Que, dentro de um ano, você volte em forma exuberante e seja capaz de exibir com a camisa da seleção brasileira toda a magia que por anos mostrou no Santos, mas ainda não apareceu com a amarelinha.

Trate, pois, de se exercitar bastante com a "azulgrana". E, importante, de aprender tudo o que puder com o tal do Lionel. Ele também custou a jogar com a camiseta da Argentina o bolão que jogava no Barça. “La Pulga”, portanto, pode lhe dar bons toques e apontar o "caminho das pedras"...

Espelhe-se nele. Mas, cuidado, não permita que o argentino perceba nosso plano diabólico. Porque se ele se der conta de que tudo isso tem como principal objetivo o Mundial daqui, periga só lhe dar conselho furado... Disfarça, Neymar, disfarça!

Pois, somente se você voltar jogando como um Messi teremos, de fato, alguma chance de ganhar essa Copa. Neste caso, até valerá a saudade doída e a gigantesca frustração que já sentimos por ver o nosso último dos moicanos deixar a aldeia.

Por aqui, após a sua saída, e até que surja um novo curumim encantado, teremos que nos contentar com velhos caciques e índios botocudos esforçados, mas desprovidos de talento. Triste sina... 

Por RMP

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