terça-feira, 18 de junho de 2013

Explicações? Menosprezaram a história de luta do brasileiro



Juan Arias é um premiado e competente intelectual. Homem de formação sólida, ocupou nos últimos anos ao posto de correspondente do bom jornal espanhol El Pais no Brasil. Sua inquestionável formação não o livrou de um imenso lapso ao reportar e analisar as manifestações que pipocam Brasil afora nos últimos dias. No dia 12 de junho, com os protestos engatinhando e parecendo ainda apenas serem contra um aumento de vinte centavos nas passagens, abriu seu relato com as seguintes palavras: "Brasil, pouco acostumado a protestar na rua, desta vez se levantou nas principais cidades do país contra o aumento das passagens do transporte público."
O jornalista desconhece a essência do que construiu boa parte da história do Brasil: sangue, protestos, manifestações, revoltas. Dezenas, centenas, milhares de revoltas. Nada por aqui foi conquistado sem reivindicação e muita revolta. Justiça seja feita, não está sozinho em sua desinformação. Muita gente boa por aqui acredita nessa história oficial e nesse chavão que pretendeu rotular o povo brasileiro como "bundão". Um rótulo conveniente e disseminado não à toa por quem tem tal interesse.

Um olhar sobre a história do Brasil é mergulhar na história de um povo que lutou e luta para driblar o projeto original (ou a ausência dele) que estava previsto desde sempre para ele: ser mão de obra desqualificada, ser escravo, ser trabalhador braçal sem direitos. E se hoje esse projeto está desmoralizado, e o país tem um papel importante no mundo, é porque muito sangue rolou. E esse projeto não foi aceito com conformação.
Desde sempre estava expressa a vontade soberana de um povo em não aceitar dominações vindas de fora. Já vão longe, mais de quatro séculos, a Confederação dos Cariris, a Revolta da Cachaça, do Sal, e tantas outras. Vieram os Mascates, os confederados do Equador, a revolução Pernambucana. As Conjurações. Mineira, Carioca, a Conspiração dos Suassunas, Praieira, Mascates. Diferentes razões, muitas vezes diferentes camadas sociais, mas, na maior parte delas, o sentimento de ser senhor da própria história.
Foram dezenas de revoltas indígenas. Outras tantas escravas e negras. O Maranhão com seus Balaios, a Bahia de tantas e inúmeras revoltas lutas pela independência, da Conjuração, dos Malês, da Sabinada, dos Guanais e da Guerra do Conselheiro, Belém e seus Cabanos, o Rio de João Cândido contra a Chibata e da Vacina e tantas outras que adoro o nome, como "Mata-Galegos", o sul da Farroupilha, do Contestado, as revoltas paulistas. Mesmo as mulheres brasileiras, muito a frente do seu tempo, viveram em Natal sua revolta. Tem tanta coisa, tanta história de revolta em nossas páginas que forçosamente irei cometer o pecado da omissão.
Com uma história dessas, por que diabos esses caras acreditaram quando tentaram nos jogar a pecha de bundões? Se a intenção era alimentar a conformidade, falharam. Basta lembrar mais uma, que já ia sendo omitida: a Revolta do Vintém, no Rio do fim do século XIX, que tanto tem a ver com o que acontece agora. Começou contra o aumento do bonde e virou algo bem maior.
Aqui vale a pequena digressão: a história da polícia militar e sua criação nesse país, a mesma que agora reprime passeatas sem o menor preparo e com inacreditável violência, a mesma que mata e tortura todos os dias na periferia (com as exceções de praxe), está intimamente ligada aos protestos de nossa gente. A primeira polícia nasce no Rio, sempre ao lado da corte. Depois, nos anos 30 do século XIX, vem as demais, com o intuito inicial e preponderante de reprimir as revoltas populares, que gritavam nas ruas contra a legitimidade do monarca que chegava. Nasce com o DNA e a função preponderante de bater em pobre, preto e povo. Com a certeza de que isso não é crime. A certeza dessa impunidade cresce nos anos de chumbo. O que se vê agora é apenas a sequência dessa trajetória. Que enquanto não for refundada, enquanto não se passar a limpo a história do país, dos crimes de estado, sempre será assim.
Voltemos as revoltas que marcam nosso povo. Veio o século XX e mais uma vez o povo tava nas ruas. Sempre. Perdoai, falar que é uma gente "pouco acostumada a protestar nas ruas" é desconhecer o histórico da mudança de uma capital. Pois mudaram uma capital, construíram uma cidade nova no meio do nada com a ilusão de que os governantes estariam livre de pressão. Governar no Rio não era fácil...Panela de pressão. Povo na rua o tempo inteiro...
Por uma dessas ironias, deixaram o projeto para Niemeyer. Humanista de corpo e alma, pensou com sua pena lugares e grandes vãos para protestos, para que o povo ocupasse. Num de seus desenhos, sentenciou que um dia a praça seria do povo e que nesse dia os direitos humanos e as liberdades "seriam conquistas irreversíveis". Mais uma vez o projeto de alijar o povo dava errado. Brasília virou um caldeirão de protestos semanais. Os anos de chumbo, muita gente boa caindo, cem mil nas ruas... A redemocratização, Diretas Já, milhões na rua. Tem pouco tempo, e o povo botou um presidente pra fora. Bundões? Podem querer relativizar, dizer que foi por isso, aquilo, mas sem a gente das ruas gritando, fazendo sua hora, nada teria acontecido...
E eis que estamos na rua novamente...A dificuldade de alguns em entender o que está acontecendo é o desconhecimento de nossa história, de nossa gente, de nossa essência.
O temor de muita gente boa em ver o que é legítimo com alguma desconfiança tem suas razões. O medo de desandar, dos oportunistas, daquela turma que marchou com Deus pela liberdade. (O temor de ter que relembrar a genialidade de Zé Keti: "Marchou com Deus pela democracia/ agora chia/ agora chia"!). Da mesma turma que outro dia pedia que a polícia metralhasse a favela e agora reclama. Quando o clima é de barata voa e a boiada estoura, os oportunistas sempre tentam fincar sua bandeira. Num país que nos últimos anos fez imensos progressos, a brecha para fincar a bandeira do oportunismo andou pequena. Mas nada deve ser temido. Povo na rua nunca deve ser razão de temor. Mesmo as eventuais distorções não podem assustar. A história não tem pressa. Mesmo a eventual despolitização que tentam impor ao movimento não passa.
Chegamos aos dias de hoje. Nesse caldeirão que tanto dificulta a análise dos nossos cientistas sociais, um elemento não pode ser esquecido e é dele que tratamos até aqui: menosprezaram demais um povo que tem em seu DNA os protestos e a revolta. Acreditaram na história do povo bundão. Valendo-se de bons ventos da economia, de inegáveis indicadores que melhoravam, iniciou-se uma farra. Cujo ápice tem a ver com nossa seara de esportes. Em nome da Copa do Mundo, em nome da Fifa, foram entregando tudo, passando por cima da lei. É claro que não digo aqui que esse é o estopim. Seria ridículo. Mas isso é elemento forte desse caldeirão. A farra do boi que some com milhões e constrói obras faraônicas, a volta do estado de exceção, com remoções à margem da lei imperando. Um templo sagrado destruído no Rio igonorando a lei como foi o Maracanã enquanto o mandatário estava em Paris de guardanapo na cabeça. Não foi uma nem duas vezes que escrevi aqui em textos antigos ou falei em nossos programas que isso teria uma resposta da população, que era uma falta de conhecimento de tudo achar que iriam seguir brincando e sumindo com dinheiro e nada aconteceria. Vinha gente de fora e debochava, falando em "dar um chute no traseiro. Elimina-se o povo da festa. Em algum momento vem a conta. Estive nas ruas hoje. Lembrava do Maracanã quando o povo xingava o Cabral...Escrevi tantas vezes que a vingança viria...Tinha motivos para estar especialmente comovido com tudo.
Como foi possível um governador destruir um símbolo por cima da lei e entregar ao amigo que empresta jatinhos? Como foi possível um prefeito ignorar lei ambientais, modificar, para permitir empreendimentos imobiliários, campos de golfe? Mais incrível foi terem achado que iam fazer tudo isso e não prestariam contas nas ruas.

Foi Eduardo Galeano que exemplarmente definiu o que foi o período na mineração no Brasil, dizendo que "o ouro deixou buracos no Brasil, templos em Portugal e fábricas na Inglaterra". Tantos anos depois, nos vemos diante do mesmo fenômeno. Agora é uma copa de confederações, uma copa do mundo, que vai deixando buracos no Brasil, ouro na Fifa e na conta de alguns.
Dá pra imaginar o que passa na cabeça da presidenta a essa altura. Se arrependimento matasse...Ah, essa copa...Ah, essas Olimpíadas...Dona de bela biografia de luta e resistência, tem mil pecados e responsabilidades nisso tudo, principalmente porque não soube dizer não a uma situação e acordos que herdou. Até ter que engolir o aperto de mão com José Maria Marin. Se omitiu em tantas coisas... E a óbvia maldade risonha de Blatter rindo ao botar fogo na vaia do estádio. Quem muito se abaixa... Quem muito faz concessão. Nessa história toda, está ficando sozinha com o ônus. Lula, que depois de rasgar sua biografia perdeu o pudor em tudo, segue rindo e lucrando com a copa, em suas viagens e palestras para empreiteiras. Fazendo lobby pra Ricardo Teixeira, Marin...Governadores, políticos, todos...Dilma ficou com o ônus. Pediu isso ao se omitir. Deixou Cabral rasgar a constituição e passar por cima dela no Maracanã. A alma dos removidos pesa, os milhões consumidos em elefantes brancos enquanto o povo pena nos hospitais e escolas debilitadas, no transporte. A conta chegou.
Está sendo cobrada por um povo acostumado a fazer isso. Por mais que ainda queiram dizer que não.
Ps- depois de testemunhar tudo que vi, sei que foram muito mais de cem mil. Ainda tenho muitas perguntas para fazer, tentar responder, várias coisas que não entendi ainda.  Os próximos dias vão dizer, ajudar a entender. Mas tenho certeza de uma coisa: o DNA de um povo que forjou sua história com muita rua e luta foi o decisivo. Muitas vezes brutalmente reprimido por um estado que sempre o deixou à margem. Se reinventando nas brechas, até a próxima luta ou revolta. Não menosprezem. Não tentem distorcer a história dele.
Quanto a Fifa, melhor botar as barbas de molho. Acharam que vinham para um passeio. Teriam um estado de exceção, removeriam casas, debochariam, dariam pé na bunda. Sempre com a cumplicidade colonizada e desonesta de alguns serviçais que vão levando suas generosas partes. Destruiriam nossos templos e nos deixariam de fora da festa. O povo no seu lugar de hábito mandou avisar que vai participar da festa. Do seu jeito. Como ele decidir. Soberano.
Por Lúcio de Castro

Os protestos não são por nada, são por tudo. No futebol inclusive



Reuters
Tropa de choque em conflito contra manifestantes
Tropa de choque em conflito contra manifestantes antes de Itália x México, no Maracanã 

É paradoxal, mas, nas últimas semanas, ninguém conseguiu dar tanta força e relevância às manifestações pelo Brasil como a polícia militar. Foi assim também no Maracanã, antes de Itália x México, conforme relatou o repórter Thiago Leme, da ESPN, que presenciou tudo in loco: "Eles partiram para o ataque sem motivação alguma".
Dois dias antes, uma amiga que cobria os protestos no Rio para outra emissora de TV, falava com um comandante da PM, com microfone desligado: "Eles estão tranquilos, né?", disse, referindo-se aos manifestantes. Ouviu uma resposta inusitada: "É, estão. Mas pode deixar que vamos dar um jeito nisso". E deram.
Não foram as únicas vezes que isso ocorreu. Não foi só no Rio.
Com seu despreparo e truculência, a PM estimulou a população a participar de um movimento, que, no início, não parecia contar com grande apoio popular — por cometer exageros e por não contar com líderes capazes de expressar com clareza e carisma seus anseios e reivindicações.
Só que aquele protesto imaturo acabou abrindo espaço para gente realmente insatisfeita.
E, convenhamos, não faltam no Brasil motivos para insatisfação com o poder público em geral. Hoje, é evidente, as manifestações não são só pelos 20 centavos da passagem de ônibus ou, menos ainda, pela reivindicação utópica de um transporte público gratuito.
O preço do ônibus, aliado à ação desastrosa dos policiais, foi um estopim.
Pagamos impostos em troca de serviços públicos, quase todos, lastimáveis. Pagamos R$ 1,2 bilhão para reformar um estádio de futebol como se isso fizesse algum sentido. Renan Calheiros é o presidente do senado. O "rouba mas faz", antes ironizado, virou regra da esquerda à direita. Serviços particulares que carecem de regulamentação e fiscalização pública, como as operadoras de celular, são um lixo. E com um pouco de boa vontade este parágrafo não teria fim.
No futebol, tema deste blog, também não é difícil encontrar alguns exemplos de boas (e óbvias) causas: o preço dos estádios públicos, o respeitável Marin no comando do futebol brasileiro, o garoto-propaganda-e-fornecedor Ronaldo no Comitê Organizador da Copa, as obras de infraestrutura do Mundial que não saem do papel, o descumprimento de leis ao tombar monumentos públicos, o processo de licitação do Maracanã. E aqui também a gente só para se quiser.
Motivos não faltam, portanto, ainda que faltem bons porta-vozes dessas causas nos protestos.
Além da desastrosa ação policial, colabora para o crescimento das manifestações um outro fator, atípico nos episódios do gênero no país: o apartidarismo. Em São Paulo, onde tudo começou, temos um governador do PSDB e um prefeito do PT. Os dois partidos que comandam o país desde 1995 e que se assemelham bem mais do que querem fazer crer, principalmente nas suas deficiências.
Assim, em que pese a meia dúzia de bandeiras de partidos com pouca relevância nacional, os protestos são, na sua maior parte, apartidários. Não partem de um lado e nem do outro. Até porque, no atual cenário político brasileiro, tão fisiologista e corrupto, ninguém está em condição de atirar a primeira pedra.
As manifestações não são de partidos. São da população.
E ao contrário do que dizem alguns, não são por nada. São por tudo
Por Gian oddi

sábado, 1 de junho de 2013

Zico, “craque do Maracanã”, transformou pecha em elogio!

Tributo ao maior artilheiro do estádio


 Vestiário do ginásio da Gávea (na época, o único do clube), após o treino do time de vôlei do Flamengo. O ano era o de 1971; o mês de julho. Buscava eu uma toalha, quando vislumbrei nosso roupeiro encolhido num canto, radinho de pilha colado ao ouvido, desligado do resto do mundo. Me aproximei e ele sussurrou, com um sorriso largo: “O Zico está estreando no time de cima”!

Claro, todo atleta rubro-negro sabia quem era o Zico. O lourinho da minha idade que fazia a torcida chegar mais cedo ao Maracanã, só pra assistir às suas diabruras, nos jogos do campeonato juvenil, disputados nas preliminares. Ele era a grande esperança da maior torcida do país, que vivia anos difíceis, de amplo predomínio do Botafogo, do Fluminense e até do Bangu — o último título do Fla tinha acontecido em 1965.

Naquela noite, o Fla venceu o Vasco por 2 a 1 e o gol da vitória foi do desengonçado Fio Maravilha, em passe de Zico. Simbólico: o início da carreira de um e o (o próximo) fim da história folclórica do outro. Prenúncio de troca de guarda. Estava chegando a era dos craques de verdade. Mas não tão rapidamente...

Lançado por "Don Fleitas Solich", Zico foi devolvido aos juvenis quando Zagallo assumiu, em 1972, ano em que o Flamengo voltaria a ser campeão, com um time em que pontificavam Paulo César Caju e o argentino Narciso Doval. Naquela temporada e na seguinte, chegou a fazer alguns jogos entre os profissionais, mas foi a partir de 1974, já com Joubert como treinador, que se firmou de vez, assumindo a camisa 10, que tinha sido de Dida, o grande artilheiro que era o seu ídolo.

Ir ao Maracanã deixou de ser, então, para os rubro-negros, sinônimo de sofrimento, como vinha sendo na maior parte dos anos 60 e início dos 70. Bem ao contrário, virou certeza de prazer.

Antes de me tornar jornalista, vi Zico campeão pela primeira vez em 1974. O time nem era tão bom, mas a dupla de ataque formada por ele e pelo Diabo Louro Doval enchia os olhos. E havia ainda Geraldo Assoviador no meio-campo. Um jovem de imenso talento, como Zico — que, infelizmente, morreria dois anos mais tarde numa simples operação de amígdalas.

Já como repórter, em 1976, eu estava atrás do gol à esquerda das tribunas quando o camisa dez perdeu o pênalti na decisão da Taça Guanabara contra o Vasco (Geraldo desperdiçaria outro, em seguida, sepultando as chances rubro-negras e dando o título aos cruz-maltinos). Mas desde o ano anterior (1975), Zico já começara a despontar como o artilheiro que se tornaria o maior da era do velho Maracanã, com a incrível marca de 333 gols em 435 jogos.

Foi a partir de 1978 que se iniciou a espetacular sequência de títulos do Flamengo, que culminaria com o Mundial Interclubes, em 1981, passando pela Libertadores (no mesmo ano) e por três títulos brasileiros (1980, 1982 e 1983). Dia de Zico era dia de show no “Maior e Mais Belo Estádio do Mundo”, como costumava repetir em seus bordões, o famoso locutor Waldir Amaral.

“Golaço, aço, aço!”, não se cansava de urrar outro grande “speaker” da época, Jorge Curi, assumidamente rubro-negro e fã do “Galinho de Quintino”, como inspiradamente o “batizou”. Difícil dizer quais foram seus gols mais bonitos. Raro era o “Galo” fazer um gol feio. Ou deixar de marcá-los.

Por causa de seu impressionante índice de aproveitamento no estádio, parte da imprensa paulista, movida por inveja e bairrismo, apelidou-o de “craque do Maracanã”, sugerindo que fora dele, pouco fazia. Pois sim. Nos três títulos brasileiros que ganhou antes de se transferir para a Udinese (e até no quarto, em 1987, após sua volta), Zico se cansou de balançar as redes do Morumbi, do Pacaembu, do Brinco de Ouro, do Moisés Lucarelli e de onde mais jogasse em São Paulo, ou em qualquer outro estado do Brasil. Nos campos da paulicéia, entretanto, parecia haver um gostinho especial, por causa da tola provocação do início de carreira.

O principal estádio carioca, contudo, acabaria se tornando mesmo o seu maior palco e a alcunha “Craque do Maracanã” deixou de ser pejorativa para se tornar justa homenagem. Foi lá que o vi fazer gols decisivos em três das quatro finais de Brasileiro das quais participou: 3 a 2, sobre o Atlético Mineiro; 1 a 1, no primeiro jogo contra o Grêmio (a taça viria após mais duas partidas no Olímpico) e 3 a 0 sobre o Santos, quando atuou contundido e já sabendo que estava negociado para o futebol italiano.

Com Zico em campo, o lado esquerdo do estádio estava sempre em estado de graça, pronto para explodir de emoção e alegria. Suas cobranças de falta se tornaram uma marca inesquecível e são citadas até hoje pelos craques que o sucederam (como fez Petkovic, naquele chute magistral, “à la Zico”, aos 43 minutos da decisão do Campeonato Carioca de 2001, contra o Vasco.

Seria exagero dizer que Arthur Antunes Coimbra foi o melhor jogador que vi no velho e inesquecível “Maraca” — afinal, diante dos meus olhos desfilou algumas vezes naquele gramado o Rei Pelé, o “Deus de todos os Estádios”, como o chamava Waldir Amaral. Mas que o “Galo” foi o supercraque que me permitiu contemplar, naquele campo, o maior número de lances sublimes pelo mais longo período de tempo, nem se discute.

Por isso, no coração dos rubro-negros que tiveram a benção de vê-lo em ação haverá sempre a doce lembrança da arquibancada estremecendo, quando no velho placar eletrônico surgia o número 10 e a voz rouca do locutor da Suderj, anunciava: ZICO. 


(* Texto escrito para a revista especial sobre o Maracanã, publicada hoje no GLOBO)

terça-feira, 28 de maio de 2013

Prostituir o talento


Pelé fazia dupla com Coutinho. Neymar, com André, Miralles ou Paulinho. Já imaginou se Messi, hoje, jogasse na Argentina, Cristiano Ronaldo, em Portugal, e Ibrahimovic, na Suécia?
Neymar, no fraco time do Santos, é um desrespeito a seu talento.
A situação de Neymar é bem diferente da dos inúmeros bons jogadores brasileiros, que, dificilmente, seriam titulares de uma grande equipe da Europa. Por isso, muitos voltaram. Ser destaque no Brasil, além de ganhar salários tão bons, ou maiores, é melhor que jogar em um time médio europeu.
Se a situação do futebol brasileiro fosse outra, seria ótimo Neymar ficar por aqui. Muitos argumentam que é muito melhor vê-lo jogar mais de perto, do que fora, como se Neymar fosse um produto de consumo, à nossa disposição.
A sociedade do espetáculo idolatra, consome e descarta rapidamente seus ídolos. A impaciência com Neymar já começou. Querem que ele dê show em todas as partidas.
O maior compromisso de um artista é com sua arte e com a busca da perfeição, sem nunca alcançá-la. Ficar no Brasil, porque ganha mais do que Cristiano Ronaldo e é o rei da cocada preta, seria estagnar, prostituir seu talento.
Neymar não vai para provar que é um cracaço nem para ser eleito o melhor do mundo.
Ele vai porque vai enfrentar defesas melhores e mais compactas, porque precisa de concorrência para evoluir, porque vai jogar ao lado e contra os melhores jogadores, porque vai aprender a ser um coadjuvante, como Messi foi no início, e, principalmente, a jogar coletivamente.
No Santos, há dois times, o de Neymar, formado só por ele, e o do Santos, com o restante dos jogadores. Um time não se mistura com o outro. O de Neymar é muito melhor.
Tentar driblar, de rotina, vários jogadores, para fazer um golaço e ganhar o prêmio da Fifa vai levar à ineficiência.
Temo que se transforme em apenas um grande craque circense.
Messi disse que Neymar é excepcional na jogada de um contra um.Messi já o imaginou no Barça. Quando Messi, Xavi e Iniesta trocam passes pelo meio, até a entrada da área, e não conseguem penetrar, o que tem sido mais frequente, um dos três toca a bola para o atacante pelo lado, livre, pois o lateral fecha para o meio, para fazer a cobertura. Mesmo assim, nada ocorre. Costumam voltar a bola para o meio, e tudo recomeça. Messi, Xavi e Iniesta estão loucos para a chegada de Neymar.
Neymar é que tem que decidir sua vida. Não temos nada com isso.
Se optasse por ficar, porque achava que aqui seria mais feliz, que poderia ser ator da TV Globo e o reizinho, nunca ameaçado, teríamos de respeitar sua decisão.
Se optasse por desaparecer e gastar sua fortuna pelo mundo, seria também uma decisão interessante.
Por Tostão

Pé na tábua: em duas horas, Tony Kanaan fatura mais que Neymar em um mês


Em duas horas, quarenta minutos e três segundos, o brasileiro Tony Kanaan pisou fundo em Indianápolis e venceu as 500 Milhas, uma das provas mais badaladas do automobilismo mundial.


Ele repetiu o feito de Hélio Castroneves (2001/02/09), Gil de Ferran (2003) e Emerson ‘Rato’ Fittipaldi.

Além de tomar leitinho no lugar mais alto do pódio, Kanaan ganhou também um pequeno reforço para as compras de fim de mês.

O piloto embolsou US$ 2,35 milhões (R$ 4,86 milhões). Ou, passando a régua, R$ 860 mil a mais do que Neymar faturava no Peixe num mês, com a obrigação de correr atrás da bola a cada três dias e cumprir uma agenda de trabalho com 11 patrocinadores – depois de ter acertado com o Barça, arrumou o 12º.

Por falar no menino prodígio... O rei Leão rugiu favoravelmente à negociação de Neymar para o time espanhol. E aproveitou para mandar um recado: nada de ser bonzinho no mundo encantado da Catalunha.

O ‘professor’ acha que o moleque deve se impor desde os primeiros treinos, sem fazer média com Messi, Xavi, Iniesta e Cia.

Não pode seguir a cartilha de outros brasileiros que se mandaram para o exterior e tentaram fazer média com os cobras da equipe, transformando-se em meros coadjuvantes. “Neymar tem bola suficiente para brilhar no Barcelona”, disse Leão, na rádio ‘Jovem Pan’.

Mais Neymar... O ex-presidente Marcelo Teixeira aproveitou a venda do garoto para dar uma alfinetada na atual diretoria do Peixe.

Após lembrar que havia recusado uma proposta do Real Madrid quando Neymar tinha 12 anos, Teixeira garantiu que a vontade de Neymar era permanecer no aquário da Vila até o Mundial, 'ao contrário de Robinho, que insistimos para ficar até a Copa de 2006, mas ele preferiu ir para a Europa'.
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Flu zebra. Os guerreiros das Laranjeiras têm 26,6% de possibilidades de matar o Olímpia nas quartas de final da Libertadores, em Assunção. A matemática é do site ‘Chance de Gol’, que atribui o favoritismo ao time paraguaio, com 73,4%. Já o Galo bom de bico está numa boa: 82,1% contra 17,9% do Tijuana, no alçapão do Independência. Outros jogos: Newell’s 52,7% x 47,3% Boca Juniors e Santa Fé 99,5% x 0,5% Real Garcilaso.

Sugismundo Freud. Nos desmandos, silêncio absoluto; na hora de pensar, violência desmedida.

Rei da bola. ‘Titio’ Teixeira poderá voltar ao convívio das chuteiras nesta quarta. Equador e Alemanha jogarão amistosamente em Boca Raton, bem perto de sua choupana. O pontapé inicial será às 15h25. A ESPN transmitirá. Meia hora mais tarde, a Inglaterra enfrentará a República da Irlanda, na ESPN Brasil. Os ingleses serão os adversários da amarelinha desbotada no fim de semana.

Dona Fifi. Os voos do botafoguense Jefferson despertaram a cobiça do Manchester United. Vem proposta por aí.

Pechincha. A Nike aproveitou o burburinho envolvendo Neymar para lançar, a preço de ocasião, a nova chuteira do garoto. O modelo HyperVenom custará apenas R$ 899,90. A empresa aproveitou o embalo para mostrar o terceiro enxoval da amarelinha desbotada, a camisa preta. Ela não poderá ser usada em jogos oficiais porque o estatuto do Circo Brasileiro de Futebol só permite uniforme com as cores da bandeira nacional. Preço do ‘pretinho básico para a balada’: R$ 299,90.

Cidadania. Algumas das maiores feras do esporte voaram até Brasília para entregar à ministra Ideli Salvatti, das Relações Institucionais, um documento da ‘ONG Atletas pela Cidadania’. Eles defenderam a emenda à MP 612, que, entre outras coisas, pleiteia: limitação de mandados da cartolagem a quatro anos, com uma reeleição; remuneração restrita a dirigentes que atuam realmente na gestão executiva; atletas participando de eleição para cargos da entidade; e transparência dos atos administrativos, em especial com os dados econômicos.

De chaleira. Borussia Dortmund manda primeiro torpedo ao Galo bom de bico: 16 milhões de euros por Bernard. Se aumentar mais quatro, sai negócio.

Gilete press. Do pequeno grande Tostão, na ‘Foha’: “Se a situação do futebol brasileiro fosse outra, seria ótimo Neymar ficar por aqui. Muitos argumentam que é muito melhor vê-lo jogar mais de perto, do que fora, como se Neymar fosse um produto de consumo à nossa disposição (...) O maior compromisso de um artista é com sua arte e com a busca da perfeição, sem nunca alcançá-la. Ficar no Brasil, porque ganha mais do que Cristiano Ronaldo e é o rei da cocada preta, seria estagnar, prostituir seu talento.” Fulminante!

Tititi d’Aline. O domingo será corrido para Neymar. Após o amistoso da amarelinha desbotada com a Inglaterra, ele pega um jatinho, reservado pelo Barça, e se manda para a Espanha. No dia seguinte, será apresentado à galera.

Você sabia que... a contratação de Neymar bombou no Twitter do Barça, com mais de 700 mil menções, e se converteu na terceira maior audiências do site?

Bola de ouro. Seedorf. Lidera o movimento dos jogadores contra o atraso dos salários no Botafogo. Poderia se omitir, já que o dele está em dia. Mas cada um por si e Deus por todos não é com o holandês.

Bola de latão. Mancini. Aos 32 anos, o meia está à procura de clube há cinco meses. Depois de explodir no Galo, passou pela Roma, Inter de Milão e Milan, retornando ao time mineiro. Acabou emprestado ao Bahêa e não vingou.

Bola de lixo. CBF. Até as 21h15 desta terça, o glorioso site do Circo Brasileiro de Futebol informava que ‘este documento encontra-se indisponível no momento’ a quem acessasse ‘boletim financeiro’ de Santos x Flamengo.

Bola sete. “Tenho certeza de que o Barcelona vai prover grandes desafios e experiências que Neymar trará ao Brasil na Copa” (do empresário Edson Arantes do Nascimento, dono dos direitos de Pelé, que era contra a transferência do moleque).

Dúvida pertinente. Bayern de Munique x Circo Brasileiro de Futebol: quem vencerá a queda de braço por Dante e Luís Gustavo?

O que você achou?
José Roberto Malia

Adeus ao último dos Moicanos

É, menino moicano, dessa vez não teve jeito. Cá entre nós, eu sabia que o negócio já estava fechado faz tempo; só que era pra depois da Copa de 2014, certo? Mas o show de bola que o seu novo time levou do Bayern de Munique, na Liga dos Campeões, e a tentativa do maior adversário de atravessar a transação precipitaram tudo. Quer saber? De repente, pode até ser bom...
Nunca fui entusiasta de sua saída, antes do Mundial, porque temia e ainda temo que, num primeiro momento, você possa amargar um banco de reservas, preterido por um técnico europeu impaciente, incapaz de compreender seu futebol e ansioso pra demostrar autoridade.

Tenho medo, também, de uma possível má vontade de alguns dos seus novos companheiros. Não de Messi, Xavi e Iniesta, três gênios da sua estirpe. Com estes, acredito, o diálogo rolará fácil, dentro e fora de campo. Já em relação aos pedros, sanchez e villas da vida, não sei não... Inveja é fogo e são eles que perderão o lugar, se tudo der certo pra você. E bola pra dar, não lhe falta.

Mas, por favor, presta atenção: nada de piruetas acrobáticas cada vez que sofrer uma falta ou levar um chega pra lá do adversário. Jogadores, juízes e até os torcedores europeus detestam simulações. Não vá se queimar com isso. Dancinhas e coreografias para comemorar gols também não são muito populares na Catalunha. Melhor evitá-las...

Falando dos benefícios, muito se diz que você “crescerá” por enfrentar "os melhores". Faz sentido. Mas "os melhores" mesmo só aparecerão na Liga dos Campeões e no superclássico contra o Real Madrid. No Espanhol, os levantes, getafes e osasuñas serão como os linenses, oestes e ituanos que você se cansou de enfileirar. Se bem que nos últimos tempos já não encontrava tanta facilidade...

Aí, pode estar um grande ganho. Se na sua agenda, por aqui, o futebol passou a ser apenas mais uma atividade, tantos eram os compromissos sociais e comerciais, pode ser que lá em Barcelona você encontre mais tempo e paz. E assim possa voltar a se dedicar, primordialmente, à bola.

Essa velha companheira, namorada apaixonada e escrava submissa, desde a mais tenra infância, mas que nos últimos tempos, talvez magoada por ter que dividi-lo com os flashes dos fotógrafos de publicidade e de celebridades tenha começado a ficar arredia. Ciúme é fogo...

Seja como for, saiba que o objetivo principal desse texto, escrito por um fã assumido, é lhe desejar sorte. Muita sorte e um enorme sucesso. Que, dentro de um ano, você volte em forma exuberante e seja capaz de exibir com a camisa da seleção brasileira toda a magia que por anos mostrou no Santos, mas ainda não apareceu com a amarelinha.

Trate, pois, de se exercitar bastante com a "azulgrana". E, importante, de aprender tudo o que puder com o tal do Lionel. Ele também custou a jogar com a camiseta da Argentina o bolão que jogava no Barça. “La Pulga”, portanto, pode lhe dar bons toques e apontar o "caminho das pedras"...

Espelhe-se nele. Mas, cuidado, não permita que o argentino perceba nosso plano diabólico. Porque se ele se der conta de que tudo isso tem como principal objetivo o Mundial daqui, periga só lhe dar conselho furado... Disfarça, Neymar, disfarça!

Pois, somente se você voltar jogando como um Messi teremos, de fato, alguma chance de ganhar essa Copa. Neste caso, até valerá a saudade doída e a gigantesca frustração que já sentimos por ver o nosso último dos moicanos deixar a aldeia.

Por aqui, após a sua saída, e até que surja um novo curumim encantado, teremos que nos contentar com velhos caciques e índios botocudos esforçados, mas desprovidos de talento. Triste sina... 

Por RMP

A caxirola prova. Os brasileiros são muito mais selvagens do que os sul-africanos.

Por Cosme Rimoli
1efe8 A caxirola prova. Os brasileiros são muito mais selvagens do que os sul africanos. Proibir o chacoalho de Carlinhos Brown foi a melhor medida para a Copa das Confederações. O negócio de R$ 3 bilhões implodiu...
A caxirola é a prova.
Os brasileiros são muito mais selvagens que os africanos.
Antes de embarcar para a África do Sul recebi mil avisos.
Amigos e familiares preocupados com tudo.
Violência urbana, acomodações, mobilidade até com a água que beberia.
Tinha um grande medo em relação à conexão.
Passei vergonha.
Foi tudo muito tranquilo.
Policiais cuidaram bem demais dos jornalistas estrangeiros, dos turistas.
As estradas, excelentes.
Hotéis muito confortáveis.
Internet dez vezes melhor do que a nossa.
Acompanhei o Brasil de Dunga nas desventuras dentro do campo.
Fora dele só um grave problema.
Nunca passei tanto frio na minha vida.
Foi na inesquecível terça-feira 15 de junho em Joanesburgo.
No Ellis Park, estádio aberto.
A temperatura chegou a um grau.
Os dedos congelavam na hora de retratar a partida no teclado.
Mas me chamou a atenção, como não poderia de ser as vuvuzelas.
Os africanos assopraram as cornetas de plástico durante o jogo todo.
Durante todo o Mundial.
Foi uma tortura.
Mas ainda na África pensei.
Nenhuma delas foi jogada ao gramado.
E a África do Sul de Parreira foi eliminada na primeira fase.
Não, elas continuaram nas mãos dos torcedores.
Foi um gesto de civilidade.
A Fifa proibiu as vuvuzelas por causa da televisão.
E dos jogadores.
O barulho era ensurdecedor.
Ninguém levantou a possibilidade delas serem jogadas no gramado.
Aí a Copa chegou ao Brasil.
E no início deste ano, a surpresa.
Carlinhos Brown apresenta ao mundo a caxirola.
Chacoalho que ganhou a aprovação do governo brasileiro.
O ministro dos Esportes Aldo Rebelo a defendeu emocionado.
1reproducao23 1024x768 A caxirola prova. Os brasileiros são muito mais selvagens do que os sul africanos. Proibir o chacoalho de Carlinhos Brown foi a melhor medida para a Copa das Confederações. O negócio de R$ 3 bilhões implodiu...
A presidente Dilma Rousseff a chacoalhou ternamente.
A ministra Marta Suplicy fez questão de dançar com o instrumento.
A empresa The Marketing Store tinha outros interesses.
Ela é responsável pela fabricação das embalagens da rede Mc Donald's.
Em todo o mundo.
Conseguiu a exclusividade de fabricação das caxirolas junto à Fifa.
O plano envolvia R$ 3 milhões.
Seriam fabricadas cem milhões de unidades até a Copa do Mundo.
Ao preço de R$ 30,00.
O instrumento de plástico era ridículo.
Mas gosto é gosto.
Carlinhos Brown já sonhava com o som delas acompanhando o hino nacional.
Ou fazendo as primeiras olas sonoras da história.
Vai continuar sonhando.
Graças à falta de civilidade dos brasileiros.
Ele foi um fracasso no primeiro evento que participou.
Foi no clássico Ba-vi, da Fonte Nova.
No evento oficial da Fifa.
A nova arena viu a vexatória primeira chuva de caxirolas que se tem notícia.
O Bahia perdia para o rival Vitória.
No intervalo, os torcedores descontaram sua raiva de maneira absurda.
Jogaram os instrumentos para o gramado.
Foi deprimente.
Os jogadores tiveram de recolher centenas delas.
As fotos rodaram o mundo.
A primeira reação partiu da PM baiana.
O instrumento foi banido dos estádios de lá.
Logo os comandos policiais de todo o Brasil se preparam.
Torcedores não podiam levar os instrumentos para os jogos.
Policiais alertavam.
Os pedaços de plástico dentro da caxirola poderiam ser substituídos.
Havia o medo que fossem substituídos por fragmentos de ferro.
Virariam armas que poderiam machucar e muito os outros torcedores.
Ou os jogadores.
Estava claro o que poderia acontecer.
E hoje ela acaba de ser vetada da Copa das Confederações.
Também deve ser o seu destino no Mundial.
Está implodido o plano da Market Store.
A produção que acontecia em São Paulo será suspensa.
Um negócio de três bilhões de reais.
Que tinha não só a autorização do governo.
Mas seria um dos símbolos da Copa do Mundo.
Foi vetada.
A medida foi correta.
E vai além da falta de bom senso de Aldo Rabelo.
Foi pura ingenuidade.
Desconhecimento do quanto violenta está a sociedade neste país.
Os organizadores do Mundial chegaram à conclusão óbvia.
Não poderiam confiar nos torcedores.
Seria correr um risco de o Brasil ser desmoralizado mundialmente.
Bastaria outra chuva de caxirolas na Copa das Confederações.
Com todo o planeta assistindo.
Ainda mais com o fraco desempenho da Seleção de Felipão.
Venceu a precaução, o bom senso.
Mas ficou clara, escancarada a situação.
O brasileiro é muito mais selvagem que os sul-africanos.
Principalmente violento.
E não se coloca na mão de gente violenta algo em formato de granada.
Que possa ser atirado no gramado ou no torcedor ao lado.
Foi um vexame.
Mas acabaram abortados outros que poderiam ser muito maiores.
Na Copa das Confederações ou no Mundial de 2014.
No Morumbi os torcedores já atiraram bandeiras do Brasil no gramado.
Um pedaço de plástico seria o de menos.
Mas isso não irá acontecer.
Estamos todos livres da caxirola...

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